terça-feira, 24 de maio de 2011

Outros dois antigos

Malditas borboletas
Andando, vagando, sem rumo. Sem um ideal. Um idealzinho sequer. Procurava alguma coisa, nada extraordinário, só precisava acontecer. Oh, uma borboleta. Não, não, todos falam sobre borboletas e sua beleza. Ah, lá vem ela de novo. Ora bolas, pousar no meu nariz. Até que são bonitas mesmo: essa leveza, suas asas coloridas movimentando-se, gerando um efeito caleidoscópico, altamente alucinógeno. Hipnotizante, eu diria. É como um raio de alegria no meio dessa monotonia em branco e preto. Arrastando olhares, despertando as pessoas dos seus sonhos para verem-na passar. Oh, é isso! Um ser tão atraente, embriagador, clamando atenção... Não há nada de pureza aí, caros amigos: noções erradas. Por tantas vezes simbolizado como sublime. Enganação mesmo. Ou será essa a intenção? Malditas borboleta, te colocam numa dúvida dos diabos!
(15/03/10)

Entre um gole e outro
Entre um gole e outro, percebeu que nada fazia sentido. O álcool que rasgava sua garganta fazia-a ver que a dor tinha cor. Era uma cor amarga; rasgava a garganta, um som estridente. Não sabia se de dentro ou de fora, só sabia que ouvia, sentia. Era amargo, como veneno. A dor, que coisa insuportável. Mas foi com ela que aprendeu a distinguir, a superar. A ressaca, depois da bebedeira, te faz não querer beber mais. São os tombos na estrada que te fazem passar uma segunda vez sem tropeçar. Ela aprendeu. Aprendeu também que o sonho também é pesadelo, é o remédio que se faz veneno. Esse sonífero que ela toma faz relaxar, fugir da dor (e do aprendizado). Uma aprendizagem ou um prazer?
(15/03/10)

Mais dois dos antigos :)

Menos (ou mais) um - I

Um tiro. Silêncio. Uma expressão de dor. Silêncio. Um rio de sangue a correr pela rua. A nascente: um ser humano, praticamente um projeto de um. A foz: o esgoto. É sempre assim, é o destino deles, de todos eles. Meninos e meninas passam livremente, cortando o rio sem se importarem com os peixes. “Ah, ele que sofra”. Já era tarde. Deitado, jogado, parecia feliz, apesar da fome, do calor, da dor, do descaso. Porque ele havia entendido, finalmente. O homem é realmente um mistério e é só através da última gota de sangue que se vê realmente. Ele ria. Ria de nossas caras. Tinha se tornado além.

(15/03/10)

Menos (ou mais) um - II
O sol queimando sua pele, suas têmporas em pura dor, como se flechas atravessassem seu cérebro. Ah, o cérebro, era o culpado de tudo. Por que tinha de trabalhar tanto? Seria tão melhor passar o dia vagando, usando o cérebro pra pensar sem motivos, sem prazos de entrega. Pensar suavemente e mais nada. Não precisava ganhar tanto dinheiro. Se não fosse esse maldito dinheiro, não precisaria usar o cérebro tão ferozmente. Um mendigo estendendo a mão em sua direção. Pensou em dar dinheiro. Mas não: ficar o dia todo com essa dor de cabeça pra dar seu dinheiro a um sujeito que só sabe fazer uma carinha tristonha e estender a mão? Não. Queria esbaldar. Curar essa dor com outra do dia seguinte. E lá mesmo se esbaldou. Extravasou. Saiu à rua no meio da noite e deitou. Deitou no asfalto, com um belo pneu passeando sobre seus cabelos molhados de vermelho e uma gosma a vazar do seu crânio. Enfim, estava livre da dor.
(16/03/10)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pra lugar algum.

Me deixe levar a tristeza comigo, de brinde. Um abraço apertado e traiçoeiro pra me sufocar e não me deixar sentir. Sentir que eu não senti o que deveria e que de companhia só terei a solidão. A velar meus passos tortos sem rumo e que me levam somente a lugar nenhum. A um lugar de ninguém; a um Inferno vivo.




Depois de tempos, resolvi postar. Esse é novo. Mas ainda falta alguns dos antigos. E ainda tenho outro novo pra postar, mas só depois. To sem os arquivos no pc :(