domingo, 18 de setembro de 2011

Intertextualidades

Quadrilha que eu li

Lóri, Macabea, Capitu, Menina má de tantos nomes.
Ulisses, Olímpio, Bentinho ou Escobar, Ricardo.
Nessa louca quadrilha, dancei com meus olhos por tuas páginas de chita, roupa de papel.
E os seus passos, aprendi.
Quero dançá-los. Falta-me a música.

(19/08/11)

E então, realidade?

De qualquer forma, se não foi aquilo que eu esperava que fosse, no fundo, eu sei que é fato e indiscutível. Não digo que foi como deveria ser. Pois não sei. E não sabendo, prefiro não me aprofundar nas hipóteses e procuro tirar proveito dos fatos.
Hipóteses fazem bem, meu chapa, mas acontece que nesse ponto da vida eu optei deixá-las de lado e me focar naquilo que deveras acontece perante meus olhos – apesar de todas as objeções, desagrados, decepções, apesar dos apesares – pois essa é a realidade e dela não posso fugir. Posso, porém, enfrentá-la.
Pois, então, realidade – viro pra ela e digo - mostre-me o que você sabe fazer de melhor.
(19/08/11)

- Depois de décadas sem postar, né. Esse aqui escrevi no meio de uma aula super chata. Epifania mais louca KKK

domingo, 7 de agosto de 2011

Quase

Eu tenho um problema com o quase. Talvez porque tenho medo de ultrapassá-lo e quando chego a ele é como se estivesse já além. Talvez porque as coisas boas só o são efetivamente quando completadas. E quando se está no quase, fica aquela sensação de que tá faltando um pedaço e isso é ruim. Em vez de alegria, resta só a vontade. Talvez porque as coisas ruins, no quase, deixam aquela expectativa de poder piorar. E o medo de ultrapassar o quase é maior do que o desgosto de saber o resultado. Porque pior que o pior em si é saber que há algo pior. E talvez você que está lendo isso tenha se perdido nessa parte do texto. Mas não se preocupe, esse meu medo do quase me faz perceber que estou quase me expondo. E aí me vem outro medo: o de ser traduzido.  Ou pior: não conseguir ser compreendido e, assim, ser quase traduzido.
(16/04/11)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dois antigos

Mais escuridão ao longo do túnel

“De repente, não mais que de repente”. Escuridão. É aí. É na escuridão que vemos o brilho dos olhos das pessoas; é na invisibilidade que tudo se torna visível. Raios de verdade a invadir a treva ilusória. Uma coroa de mentira é o que se vê. Uma majestade falsa, visível que ninguém vê. Ainda escuro... De repente, luz. Continuava escuro, mas era aí que eu via mais e mais. Tudo se mostrava. Em golpes de epifania.
Ah, voltou a luz. Todos repuseram suas máscaras. Não era assim em tempos de cegueira branca.
 (15/03/10)


Ignoto
E, pelo jeito, essas linhas serão o máximo de confissão que eu conseguirei externar. É que essa coisa que eu sinto me dói e me faz pesado. Eu não sei explicar... é bom, é leve e agradável pensar nisso, mas “a coisa” me fere sempre que eu percebo que não poderei te dizer essa verdade. Ela me agita. Não sei como se chama, nem sei descrevê-la sem ser vago, mas acho que não é nada conhecido. Não é amor. Amor a gente só sente no último minuto, quando está perdendo. Até então, o que se sente é... É isso que está me ferindo agora e que não sei o nome.
(02/08/10)

sábado, 23 de julho de 2011

Que o breve
seja de um longo pensar;


Que o longo
seja de um curto sentir;


Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve...

- Alice Ruiz
Vivendo, se aprende; 
mas o que se aprende mais, 
é só a fazer outras maiores perguntas.
- Guimarães Rosa

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quero

Quero...
Longe, como está. 
Perto, como eu quis. 
Feliz, como eu sonhei.
Triste, como eu fico.
Oníricos, como já somos.
Reais, como quero.




- Depois de anos consegui criar algo novo. Tenho outro texto novo que fiz escrevi há um tempo, mas a preguiça não me deixa passá-lo pro pc. Mas esse saiu, hoje mesmo. Tá quentinho :)

Caio, pare de me entender.

‎"Tô exausto de construir e demolir fantasias. 
Não quero me encantar com ninguém."


- Caio Fernando Abreu

terça-feira, 24 de maio de 2011

Outros dois antigos

Malditas borboletas
Andando, vagando, sem rumo. Sem um ideal. Um idealzinho sequer. Procurava alguma coisa, nada extraordinário, só precisava acontecer. Oh, uma borboleta. Não, não, todos falam sobre borboletas e sua beleza. Ah, lá vem ela de novo. Ora bolas, pousar no meu nariz. Até que são bonitas mesmo: essa leveza, suas asas coloridas movimentando-se, gerando um efeito caleidoscópico, altamente alucinógeno. Hipnotizante, eu diria. É como um raio de alegria no meio dessa monotonia em branco e preto. Arrastando olhares, despertando as pessoas dos seus sonhos para verem-na passar. Oh, é isso! Um ser tão atraente, embriagador, clamando atenção... Não há nada de pureza aí, caros amigos: noções erradas. Por tantas vezes simbolizado como sublime. Enganação mesmo. Ou será essa a intenção? Malditas borboleta, te colocam numa dúvida dos diabos!
(15/03/10)

Entre um gole e outro
Entre um gole e outro, percebeu que nada fazia sentido. O álcool que rasgava sua garganta fazia-a ver que a dor tinha cor. Era uma cor amarga; rasgava a garganta, um som estridente. Não sabia se de dentro ou de fora, só sabia que ouvia, sentia. Era amargo, como veneno. A dor, que coisa insuportável. Mas foi com ela que aprendeu a distinguir, a superar. A ressaca, depois da bebedeira, te faz não querer beber mais. São os tombos na estrada que te fazem passar uma segunda vez sem tropeçar. Ela aprendeu. Aprendeu também que o sonho também é pesadelo, é o remédio que se faz veneno. Esse sonífero que ela toma faz relaxar, fugir da dor (e do aprendizado). Uma aprendizagem ou um prazer?
(15/03/10)

Mais dois dos antigos :)

Menos (ou mais) um - I

Um tiro. Silêncio. Uma expressão de dor. Silêncio. Um rio de sangue a correr pela rua. A nascente: um ser humano, praticamente um projeto de um. A foz: o esgoto. É sempre assim, é o destino deles, de todos eles. Meninos e meninas passam livremente, cortando o rio sem se importarem com os peixes. “Ah, ele que sofra”. Já era tarde. Deitado, jogado, parecia feliz, apesar da fome, do calor, da dor, do descaso. Porque ele havia entendido, finalmente. O homem é realmente um mistério e é só através da última gota de sangue que se vê realmente. Ele ria. Ria de nossas caras. Tinha se tornado além.

(15/03/10)

Menos (ou mais) um - II
O sol queimando sua pele, suas têmporas em pura dor, como se flechas atravessassem seu cérebro. Ah, o cérebro, era o culpado de tudo. Por que tinha de trabalhar tanto? Seria tão melhor passar o dia vagando, usando o cérebro pra pensar sem motivos, sem prazos de entrega. Pensar suavemente e mais nada. Não precisava ganhar tanto dinheiro. Se não fosse esse maldito dinheiro, não precisaria usar o cérebro tão ferozmente. Um mendigo estendendo a mão em sua direção. Pensou em dar dinheiro. Mas não: ficar o dia todo com essa dor de cabeça pra dar seu dinheiro a um sujeito que só sabe fazer uma carinha tristonha e estender a mão? Não. Queria esbaldar. Curar essa dor com outra do dia seguinte. E lá mesmo se esbaldou. Extravasou. Saiu à rua no meio da noite e deitou. Deitou no asfalto, com um belo pneu passeando sobre seus cabelos molhados de vermelho e uma gosma a vazar do seu crânio. Enfim, estava livre da dor.
(16/03/10)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pra lugar algum.

Me deixe levar a tristeza comigo, de brinde. Um abraço apertado e traiçoeiro pra me sufocar e não me deixar sentir. Sentir que eu não senti o que deveria e que de companhia só terei a solidão. A velar meus passos tortos sem rumo e que me levam somente a lugar nenhum. A um lugar de ninguém; a um Inferno vivo.




Depois de tempos, resolvi postar. Esse é novo. Mas ainda falta alguns dos antigos. E ainda tenho outro novo pra postar, mas só depois. To sem os arquivos no pc :(

sábado, 16 de abril de 2011

Entre um gole e outro

(Mais um dos velhos)


Entre um gole e outro
Entre um gole e outro, percebeu que nada fazia sentido. O álcool que rasgava sua garganta fazia-a ver que a dor tinha cor. Era uma cor amarga; rasgava a garganta, um som estridente. Não sabia se de dentro ou de fora, só sabia que ouvia, sentia. Era amargo, como veneno. A dor, que coisa insuportável. Mas foi com ela que aprendeu a distinguir, a superar. A ressaca, depois da bebedeira, te faz não querer beber mais. São os tombos na estrada que te fazem passar uma segunda vez sem tropeçar. Ela aprendeu. Aprendeu também que o sonho também é pesadelo, é o remédio que se faz veneno. Esse sonífero que ela toma faz relaxar, fugir da dor (e do aprendizado). Uma aprendizagem ou um prazer?
(15/03/10)

terça-feira, 5 de abril de 2011

I'm back!

Cá estou eu novamente, né. Já que essa faculdade está consumindo todos os meus neurônios nem tive tempo de escrever algo novo :( mas vou voltar a postar aqui, por enquanto, textos velhos que eu ainda não havia postado.
Sejam bem vindos mais uma vez.

Sonhos
Era tudo lindo e agradável: sonho do amanhã. Esse meu futuro onírico sempre visita minha mente e faz parte de mim. Mas dói. Não o sonho em si, mas a certeza de que tudo que eu sonho, desejo sinceramente, não se concretiza, não se realiza. Acontece que eu não consigo evitar. Ele vem e fica, e eu aceito. Dói, mas eu quero, eu sonho. Apesar de saber que não vai acontecer, ainda espero o dia em que todos esses meus devaneios oníricos de minha maior lucidez irão “se acontecer”. E eu não vou suportar.
(01/08/10)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fugere...

Olá, pessoal. Agora que começará uma nova rotina na minha vida, não desfrutarei de tanto tempo pra postar aqui. Muito menos, pra escrever novos ADs :(  Portanto, qualquer tempinho que tiver, virei e postarei algum AD velho que tenho aqui, guardado.
Então, é isso. Não é uma despedida, é só um intervalo. Ok? 
Carpe diem.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Entre

Era tudo ponta
Ou começo, ou fim
Se não era um não,
Só podia ser sim.

Não havia um elo
Não havia verde,
Seria só azul,
Ou só amarelo.

Mas eu vi que não podia
Tudo se explicar por uma só via,
Que entre dois extremos
Havia uma infinidade de pontos,

Que não havia só uma resposta certa
Que todo mundo erra
E, entre o Céu e o Inferno,
Havia a Terra.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Que seja

When there's no space enough inside you, you need another selfÉ que a vida é demais pro nosso pequeno entendimento. Ela requer mais espaço. É aí que você se projeta em outras formas de ser. Para cabê-la em si, para caber-se em si, para saber se é assim. Mas não adianta o quanto você tenta se repetir, não sai nada além do que já havia. E aquela coisa que chamamos de sabedoria só nos vem em horas oportunas – ou inoportunas à nossa medíocre maneira de ver as coisas. Repete-se demais e acha que é hora de acabar. Mas não se engane, quando isso acontece – quando você tenta ser mais para saber mais e acha que não é capaz – é porque o jogo está só começando. Haverá uma luta. Será “o você” contra o seu eu. E não haverá fim, nem com o fim. O seu fim será o encontro de uma resposta pra suas perguntas que jamais ousaram ser feitas. E não haverá espectadores, pois o que não envolve mais de um não atrai interesse. Não para outro além desse um. E esse um, que no momento é uma luta de dois, saberá o que não foi dito pelas bocas imundas que falavam o que achavam que sabiam, mas na verdade, não sabiam se falavam o que realmente achavam. Pois que será assim. E eu digo, não em tom de profecia, mas em tom de esperança. Que seja dita a verdade cabível a nós. Que seja sabida a verdadeira verdade quando não for tarde demais. Que seja sentida.

(meu primeiro AD escrito em 2011 :D os últimos foram escritos ainda em 2010- e a parte em inglês não é excerto de outro texto, faz parte do AD)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sopro leve de um aragem fria


Brisa fria e leve
Não me leve
(Antes de minha obra se findar)
Nessa onda devagar
Por onde almas errantes
São condenadas a vagar

Minha alma será tua
Oh, tão fria criatura
Ao último passo meu dado
Ao último inaudível brado
Tu, meu suspiro, ouvirás

Será triste ou alegre? Aliás
Não me leve
Se minha obra inacabada eu deixar
Se, por acaso, o fizer
Faz favor de acabar
Não deixe lágrimas aos meus
Somente o riso da lembrança do meu eu

Abre-te, Sésamo
Meu corpo ouvirá
E minh’alma, em voo mudo,
Partirá.