Malditas borboletas
Andando, vagando, sem rumo. Sem um ideal. Um idealzinho sequer. Procurava alguma coisa, nada extraordinário, só precisava acontecer. Oh, uma borboleta. Não, não, todos falam sobre borboletas e sua beleza. Ah, lá vem ela de novo. Ora bolas, pousar no meu nariz. Até que são bonitas mesmo: essa leveza, suas asas coloridas movimentando-se, gerando um efeito caleidoscópico, altamente alucinógeno. Hipnotizante, eu diria. É como um raio de alegria no meio dessa monotonia em branco e preto. Arrastando olhares, despertando as pessoas dos seus sonhos para verem-na passar. Oh, é isso! Um ser tão atraente, embriagador, clamando atenção... Não há nada de pureza aí, caros amigos: noções erradas. Por tantas vezes simbolizado como sublime. Enganação mesmo. Ou será essa a intenção? Malditas borboleta, te colocam numa dúvida dos diabos!
(15/03/10)
Entre um gole e outro
Entre um gole e outro, percebeu que nada fazia sentido. O álcool que rasgava sua garganta fazia-a ver que a dor tinha cor. Era uma cor amarga; rasgava a garganta, um som estridente. Não sabia se de dentro ou de fora, só sabia que ouvia, sentia. Era amargo, como veneno. A dor, que coisa insuportável. Mas foi com ela que aprendeu a distinguir, a superar. A ressaca, depois da bebedeira, te faz não querer beber mais. São os tombos na estrada que te fazem passar uma segunda vez sem tropeçar. Ela aprendeu. Aprendeu também que o sonho também é pesadelo, é o remédio que se faz veneno. Esse sonífero que ela toma faz relaxar, fugir da dor (e do aprendizado). Uma aprendizagem ou um prazer?
(15/03/10)