Entre um gole e outro
Entre um gole e outro, percebeu que nada fazia sentido. O álcool que rasgava sua garganta fazia-a ver que a dor tinha cor. Era uma cor amarga; rasgava a garganta, um som estridente. Não sabia se de dentro ou de fora, só sabia que ouvia, sentia. Era amargo, como veneno. A dor, que coisa insuportável. Mas foi com ela que aprendeu a distinguir, a superar. A ressaca, depois da bebedeira, te faz não querer beber mais. São os tombos na estrada que te fazem passar uma segunda vez sem tropeçar. Ela aprendeu. Aprendeu também que o sonho também é pesadelo, é o remédio que se faz veneno. Esse sonífero que ela toma faz relaxar, fugir da dor (e do aprendizado). Uma aprendizagem ou um prazer?
(15/03/10)