A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
- Manoel de Barros
Sobre tudo que sei, não sei falar. A propósito, não sei o que sei ou o que não sei. Sei duvidar de mim e dos outros. Sobre mim, só sei fazer perguntas. E as repostas não me chegam a tempo de ainda querê-las. Não sei o que é certo ou errado, pois errado sei que é não ser feliz. Com uma pitada de tristeza, sempre. Pra não se desacostumar do choro, mesmo que por dentro. Sei da beleza que há em tudo que é simples. Em tudo que é íntimo. E mesmo que externo, íntimo. E mesmo que feio, belo. Não sei de mim ou dos outros. E talvez essa seja uma grande questão. Suficiente pra uma vida inteira de dúvida. Sei do descaso, do descanso, do cansaço. De tudo que fadiga, como essas grandes questões da vida que te põem pra baixo, aí você não quer mais saber e então vai escrever qualquer coisa sobre nada. Sei de tudo que acontece, mas não o porquê. E por que isso importa, também não sei. E por que escrevo. Também não sei. Pois se soubesse não o faria: sobre tudo que sei, não sei falar.